sexta-feira, 21 de março de 2014

NOTA EM FAVOR DA ESCOLA PÚBLICA NO ESTADO DE GOIÁS

    A Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás manifesta publicamente seu repúdio a toda e qualquer prática de militarização da educação pública goiana e afirma preocupação com as matérias recentemente publicadas em diferentes meios de comunicação que noticiam a ampliação do número de escolas públicas geridas pela Secretaria da Segurança Pública/Polícia Militar (SSP/PM) no estado de Goiás.
   Conforme as referidas matérias, o Governo de Goiás, sob o pretexto de diminuir a violência, passará para a administração da SSP/PM mais dez escolas em diferentes cidades do Estado de Goiás, com mais 4.732 vagas no ano de 2014. Dessa forma, o governo de Marconi Perillo delegará a responsabilidade de dezesseis escolas públicas (já existem seis) à Secretaria da Segurança Pública por meio da Polícia Militar do Estado de Goiás (ver matérias veiculadas no Jornal O Globo, de 16/01/2014, no Portal Aprendiz UOL (17/01/2014) e no próprio site da Secretaria de Estado da Casa Civil, em 22/01/2014).
   Ainda conforme o noticiado, para se manter em uma escola dirigida pela PM, cada aluno deverá pagar a matrícula, no valor de R$ 100, e uma mensalidade de R$ 50. As famílias dos alunos deverão custear também o material didático - valor de dois livros: R$ 300 – e o uniforme (de motivos militares, incluindo os sapatos), adquiridos fora do estabelecimento escolar e que podem chegar a até R$ 600. Ou seja, para manter o filho em uma escola “pública” dessa natureza, a família terá que despender, anualmente, cerca de R$ 1.500. Caso não possa arcar com esse valor, o aluno terá que ser matriculado em outra escola da rede pública. A seguir nessa direção, talvez seja preciso que nos indaguemos se a escola pública continua a ser pública
   A respeito da política governamental que amplia o número de escolas públicas geridas pela PM e do que foi acima relatado, o primeiro ponto a ser destacado é que, em âmbito estadual a responsabilidade de garantir e promover o ensino público, sobretudo o Ensino Médio, é de responsabilidade da Secretaria Estadual de Educação do Estado de Goiás (SEE/GO). Ao transferir essa responsabilidade, sob qualquer alegação, para outra pasta, a SEE/GO, além de se abster de seu papel primordial, declara publicamente sua incapacidade de cumprir com as tarefas que justificam sua criação e existência. Faz-se necessário lembrar,
ainda, que a Secretaria de Segurança Pública, por meio da polícia Militar, tem o papel e a competência de manter a segurança da população, não de gerir estabelecimentos escolares.
   Em relação à violência, tema que preocupa a todos nós, vale lembrar que a escola faz parte da sociedade e que as práticas violentas observadas no interior das instituições e a seu redor refletem os problemas e os conflitos presentes em todos os âmbitos da vida em sociedade. Abordar a violência em âmbito escolar sem o entendimento do contexto em que ela se insere é ignorar relações muito complexas. Nós na universidade conhecemos as escolas não somente porque pesquisamos a respeito delas, mas também porque muitos de nós nelas fomos ou somos docentes. Conhecemos a escola por dentro e por fora, sabemos que a violência é algo grave e que afeta a todos nas instituições educacionais, mas a militarização não é saída, em primeiro lugar porque qualquer saída não basta (certas vias podem nos levar a precipícios…) e em segundo lugar porque há outras vias, mais desejáveis e mais condizentes com um país democrático e respeitoso do direito de seus cidadãos.
Existem experiências exitosas nas quais a escola, junto com toda a comunidade, tem enfrentado as situações de conflitos buscando saídas político-pedagógicas. Sabemos que não é simples, mas que não é impossível buscar formas alternativas de fazer deste espaço um lugar que cumpra de fato com seu papel educativo. A história nos mostra que projetos educacionais que agem sob repressão não são exitosos, pois, além de confrontarem os princípios democráticos, preceito caro para um país que viveu duas décadas sob o regime militar, tais projetos terminam por reproduzir a exclusão e o enfraquecimento do direito ao acesso de todas as crianças e adolescentes à escola.
   Outro ponto a ser destacado diz respeito ao pagamento de taxas e a compras de livros e uniformes em uma instituição pública. Tais práticas, à medida que incorporam a lógica do privado ao setor público, sinalizam afronta à Constituição Federal, pois esta estabelece, em seu Art. 208, que é dever do Estado garantir “educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria”. É irretorquível. Ademais, deve-se acrescentar ainda que é absolutamente descabido demandar a alunos matriculados em um estabelecimento sob a responsabilidade do poder público que comprem os próprios livros didáticos, sendo que o Ministério da Educação, com o Plano Nacional do Livro Didático (PNLD), oferece livros didáticos para esses alunos.
   De acordo com as matérias aqui mencionadas, estabeleceu-se que o diretor da escola será um policial com formação em Pedagogia e que as aulas de Educação Física serão ministradas por policiais militares, ficando as outras disciplinas a cargo dos professores da rede estadual. Dessa forma, a cessão da gestão das escolas públicas à PM representa não somente uma medida sem amparo no espírito que orienta a atual LDB como também uma afronta aos princípios de gestão democrática
da escola pública, como expressos no Art. 54 e 55 das Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica (CNE, Resolução N.º 4/2010). Nesse contexto, é oportuno ressaltar o fato de que os próprios profissionais da educação passam a experienciar uma situação constrangedora, pois se submeteram a um concurso público cujo lugar, muitas vezes, foi obtido com dificuldade e agora precisam se submeter a um gestor escolar que não está em relação de isonomia com eles, visto que o diretor é proveniente de carreira militar, ocupando função de direção da escola sem concurso específico ou eleição direta.
    Longe de esgotar o tema, questionamos aqui a diferenciação que o processo de militarização estabelece entre as escolas públicas do Estado de Goiás. Os equívocos são graves e as consequências podem representar um retrocesso na consciência política da sociedade goiana, pois as medidas que buscam a diferenciação das instituições escolares podem trazer, subliminarmente, o entendimento de que as camadas populares devem receber tratamento diferenciado, disciplinador, definido segundo um ponto de vista centrado no controle, e não busca de resolução dos conflitos presentes na sociedade. A militarização de parte das escolas pode, ainda, criar a ideia de que se busca oferecer – e não importa a que preço, tampouco os princípios sacrificados – algumas ilhas de excelência entre um conjunto de escolas públicas e professores em penúria. Enfim, entendemos que a opção pela militarização de escolas públicas nos afasta de um ideal republicano, que prevê a garantia da educação pública de qualidade a todos os cidadãos, sem qualquer distinção. Questionamos veementemente a política e a concepção de educação encoberta por essas medidas.
   A escola pública e seus profissionais são perfeitamente capazes de assumir suas responsabilidades, desde que lhes sejam dadas as condições para tanto. Bases que possibilitem desde a valorização profissional em relação ao salário e à carreira, bem como, destaque importante, igualmente em relação ao apoio para a organização do trabalho pedagógico adequado às questões reais a serem enfrentadas. Isso exige equipe técnica capacitada nas secretarias de educação e, além disso, maior aporte de recursos e interesse do governo estadual, em conformidade com o que a sociedade goiana espera de um governo democraticamente eleito.
   A escola pública é um direito, um direito de todos, independente das condições sociais de cada família. A Faculdade de Educação, com seus mais de 45 anos de existência, manifesta-se aqui publicamente pela garantia desse direito.

Goiânia, 26 de fevereiro de 2014. 

Postado por:
Bruna Diniz e Maria das Dores
Graduandas do Curso de Pedagogia e Bolsistas do PET.

segunda-feira, 17 de março de 2014

Educação inclusiva: desafios da formação e da atuação em sala de aula.

 

Além de aprender a adaptar o planejamento e os procedimentos de ensino, é preciso que os educadores olhem para as competências dos alunos, e não apenas para suas limitações. Daniela Alonso, psicopedagoga especialista em Educação inclusiva, destaca a importância de que formação inicial e continuada estejam conectadas ao cotidiano escolar


O professor, como organizador da sala de aula, guia e orienta as atividades dos alunos durante o processo de aprendizagem para aquisição dos saberes e competências. O projeto pedagógico da escola direciona as ações do professor, que deve assumir o compromisso com a diversidade e com a equalização de oportunidades, privilegiando a colaboração e a cooperação.

Na sala de aula inclusiva, considera-se que os conteúdos escolares são considerados objetos da aprendizagem, aos alunos cabe atribuir significados e construir conhecimentos e o professor assume a função de mediar esse processo.

O papel do educador é intervir nas atividades que o aluno ainda não tem autonomia para desenvolver sozinho, ajudando o estudante a se sentir capaz de realizá-las. É com essa dinâmica que o professor seleciona procedimentos de ensino e de apoio para compartilhar, confrontar e resolver conflitos cognitivos.

Quando os procedimentos de ensino privilegiam a construção coletiva e são organizados com base nas necessidades dos alunos, leva-se em conta os diferentes estilos, ritmos e interesses de aprendizagem de cada um. Ou seja, todos os estudantes são diferentes e suas necessidades educacionais poderão requerer apoio e recursos diferenciados. A avaliação da aprendizagem, por sua vez, deverá ser coerente com os objetivos, as atividades e os recursos selecionados. Se o processo de aprendizagem for redimensionado, o procedimento de avaliação também deverá ser.

A avaliação processual, que é realizada durante todas as atividades, poderá ser mais esclarecedora, pois fornece dados sobre o desempenho do aluno em diversas situações. Essa forma de avaliação facilita o reconhecimento das necessidades dos alunos e permite que o professor redimensione os indicadores de aprendizagem. As observações sobre o desempenho dos alunos constituem ferramentas importantes na adaptação do planejamento. Por fim, os resultados obtidos serão consistentes desde que sejam considerados indicadores de aprendizagens condizentes com a intencionalidade do ensino.

O planejamento e a organização das estratégias para aprendizagem podem variar de acordo com o estilo do professor. Contudo, é preciso que o planejamento tenha flexibilidade na abordagem do conteúdo, na promoção de múltiplas formas de participação nas atividades educacionais e na recepção dos diversos modos de expressão dos alunos.

O educador deverá considerar no planejamento tempo e estratégias para conhecer seus alunos - em especial aqueles que poderão requerer apoios específicos. Para fornecer boa compreensão sobre os alunos e suas condições de aprendizagem, a observação precisa utilizar diferentes estratégias e ser feita em diversos momentos da aula. Os critérios de observação devem ser selecionados com base no currículo e nas habilidades que o professor considerou no planejamento.

Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/politicas-publicas/palavra-especialista-educacao-inclusiva-desafios-formacao-atuacao-sala-aula-762299.shtml?page=1

Postado por: 
Ayrla Julliana da Silva Costa.
Guilherme Lima de Arruda.
Graduandos do Curso de Pedagogia (UFCG) e bolsistas do PET.


terça-feira, 11 de março de 2014

Faltam 54 bilhões para as escolas públicas serem dignas.

Daniel Cara.
11/03/2014   17h:24

Em 27 de fevereiro, o professor da UnB (Universidade de Brasília), Luiz Araújo, defendeu na Faculdade de Educação da USP (Universidade de São Paulo) sua tese de doutorado. Seu estudo calculou quanto o Brasil precisa investir para que todas as escolas públicas sejam dignas e garantam um padrão mínimo de qualidade. Conforme a pesquisa, em 2011, seria preciso que o país investisse cerca de 54 bilhões a mais nas escolas públicas de educação básica.

O tema da qualidade da educação pública é das principais preocupações da sociedade brasileira. No texto "Você colocaria seu filho para estudar embaixo de uma árvore?" argumentei que uma infraestrutura adequada nas escolas é um fator imprescindível para a qualidade da educação, além de ser um direito de alunos, familiares e professores.

O trabalho de Luiz Araújo utilizou o estudo do CAQi (Custo Aluno-Qualidade Inicial) como referência. Desenvolvido pela Campanha Nacional pelo Direito à Educação, o CAQi calcula quanto a educação pública custa por aluno ao ano, considerando salário inicial condigno, política de carreira e formação continuada aos profissionais da educação, número adequado de alunos por turma, além de insumos infraestruturais como: brinquedotecas, bibliotecas, quadra poliesportiva coberta, laboratórios de informática e laboratórios de ciências, etc

Leia abaixo uma rápida entrevista com Luiz Araújo, abordando alguns temas de sua pesquisa intitulada "Limites e possibilidades da redução das desigualdades territoriais por meio do financiamento da educação básica".
 
Daniel Cara - Qual seria o custo para a garantia da educação pública de qualidade no Brasil?

Luiz Araújo - Para fazer esse cálculo trilhei um longo percurso. Trabalhei com quatro simulações e todas elas utilizaram o CAQi como referência. Em 2011, para garantir que todas as escolas públicas tivessem um padrão mínimo de qualidade, o país precisaria investir R$ 54 bilhões a mais. Esse valor precisa ser atualizado anualmente. Infelizmente, os dados necessários para fazer as simulações eram os de 2011, temos esse problema de transparência e atualização dos dados no Brasil.

Cara - Como você chegou a esse número?
 
Araújo - Tomei como base o Fundeb [Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização dos Profissionais da Educação] e analisei as contas de todos os entes federados. Adianto que esse recurso novo precisaria vir da União. Sendo didático, em 2011 e para implementar o CAQi, a complementação da União ao Fundeb precisaria ser de R$ 63 bilhões. Como o Governo Federal transferiu cerca de R$ 9 bilhões, faltaram R$ 54 bilhões. Esse é o custo da garantia da qualidade. 
 
Cara - Por que a complementação deve ser do governo federal?
 
Araújo - O Governo Federal é o que mais arrecada e menos colabora com a educação, especialmente com a educação básica. Mesmo sendo essa colaboração uma obrigação constitucional, prevista no parágrafo primeiro do artigo 211, trecho em que é tratada a colaboração federativa na educação, que é entre a União, os estados, o distrito federal e os municípios.
 
Cara - Por que você decidiu calcular quanto custa a implantação do CAQi em sua pesquisa?
 
Araújo - O CAQi é a materialização de padrão mínimo de qualidade para todas as escolas públicas brasileiras. Resolvi utilizá-lo como parâmetro porque ele incide diretamente na desigualdade da oferta educacional. Em outras palavras, ele estabelece um patamar socialmente aceitável para a garantia do direito à educação e força a elevação da qualidade das escolas nas regiões e nos municípios mais pobres do país, aproximando-as da situação de Estados como São Paulo. Acredito que um trabalho científico não pode ficar apartado do debate vivo travado na sociedade. E a sociedade brasileira tem exigido, cada vez mais, educação de qualidade. E para isso é preciso atacar a questão das desigualdades.
 
Cara - Quais seriam os benefícios da implementação do CAQi para a redução das desigualdades regionais?

Araújo - A implementação do CAQi causaria uma queda imediata de 12% na desigualdade de renda dos municípios, segundo simulações baseadas no coeficiente de Gini. Para ser imediata, esta queda é impactante. E seria provocada pelo aumento da participação das transferências do governo federal nas finanças municipais. O potencial do CAQi, como ferramenta de combate às desigualdades, é impressionante. O CAQi possibilita um caminho para que a redução das desigualdades territoriais seja travada em novo patamar.
 
Cara - Mais recursos para os estados e municípios não é um risco? Não há graves problemas de gestão nas prefeituras e nos governos federais?
 
Araújo - O CAQi também determina parâmetros que vão gerar maior pressão sobre os gestores estaduais e municipais. Os professores deverão receber o piso, ter política de carreira, formação continuada e escolas decentes para trabalhar. Os estudantes deverão ser respeitados, pois esses recursos novos permitiram escolas adequadas. O país ganha e o dinheiro não poderá ser desperdiçado, pois todos saberão o que é uma escola com o padrão do CAQi.
 
Cara - Quais Estados e municípios seriam beneficiados com a implementação do CAQi via transferências do governo federal?
 
Araújo - Meus estudos mostraram que mesmo Estados considerados ricos ainda não alcançaram o CAQi em algumas etapas e modalidades. Ainda assim, os principais beneficiados seriam os Estados do Norte e do Nordeste, pois eles estão muito longe do padrão mínimo de qualidade.
 
Cara - Na tramitação final do novo PNE (Plano Nacional de Educação) os deputados precisam escolher entre o texto da Câmara e a versão de PNE do Senado Federal. Com base na sua pesquisa, qual é a melhor alternativa?
 
Araújo - Com certeza é o texto da Câmara dos Deputados, apoiado pela sociedade civil. A versão do Senado significa inviabilizar a implementação do CAQi, pois esse mecanismo só é viável com a complementação de recursos do governo federal, essa é uma das conclusões da minha pesquisa. Só o texto da Câmara oferece essa possibilidade de participação do governo federal. E o governo federal teme exatamente isso: ter maior responsabilidade. Por isso, o Planalto optou pelo PNE do Senado, pois ele desresponsabiliza a gestão federal.

Cara - Nesse momento a educação se dedica à tramitação do PNE, mas em 2020 termina o Fundeb. É possível dizer qual seria a melhor alternativa para o futuro: o Fundeb como um sistema de 27 fundos estaduais ou um fundo único?
 
Araújo - Essa é uma pergunta muito importante, ou a mais importante. Falamos do Fundeb no singular, mas deveríamos falar no plural: são 27 fundos estaduais, com baixa participação da União. 
 O Fundeb ainda é um modelo de financiamento desigual. Eu responderia sua pergunta de três formas.Primeiro, se tivéssemos uma reforma tributária profunda em nosso país e uma repactuação federativa talvez não fosse necessário prorrogar o Fundeb ou criar alternativas baseadas em fundos, sejam elas de fundos estaduais ou de um hipotético fundo único.

Segundo, mesmo sendo necessária, a Reforma Tributária é uma agenda difícil. Sem ela, e querendo diminuir as desigualdades regionais para patamares menores do que os atuais, as alternativas estão atreladas a uma participação maior da União, como prevê a Constituição Federal e o texto de PNE da Câmara dos Deputados.

Assim, para resolver parte significativa do problema, mas sem Reforma Tributária, o país conta com o CAQi, desenvolvido pela sociedade civil. Para alcançá-lo precisamos de R$ 54 bilhões por ano a mais, só em educação básica. O CAQi pode ser implementado tanto pelo sistema atual de fundos estaduais, que é o Fundeb, quanto por um fundo único. Conceitualmente o fundo único é mais justo, mas os efeitos financeiros com um aporte maior do Governo Federal não são tão distintos. Isso eu calculei na minha pesquisa.

Terceiro, o objetivo do meu trabalho foi provocar um debate sobre novas bases de financiamento da educação básica, especialmente quanto à reformulação do Fundeb. Independentemente de qual será o modelo a ser adotado no futuro, o central é perseguir o padrão de qualidade e, pelo menos, o padrão mínimo de qualidade.
 
Cara - Para terminar, por que o CAQi ganhou destaque na agenda pública brasileira?
 
Araújo - Porque houve um persistente trabalho de convencimento realizado pela sociedade civil, especialmente pela Campanha Nacional pelo Direito à Educação que foi quem criou o mecanismo. Além disso, a aceitação do CAQi pelos delegados e delegadas presentes na Conae (Conferência Nacional de Educação) de 2010 foi decisivo, porque ali ele ganhou legitimidade política. Isso foi decisivo para que o Conselho Nacional de Educação aprovasse uma proposta de resolução sobre o tema, concluindo o termo de cooperação com a Campanha. E isso é muito importante, mesmo diante do fato de que o CAQi ainda não foi homologada pelo MEC.

Além disso, durante a tramitação do PNE, a necessidade de maior participação da União e de medidas eficazes para diminuir as desigualdades territoriais apareceu com força. Nesse momento, mais uma vez, a Campanha [Nacional pelo Direito à Educação] persistiu. Foi assim que o CAQi se firmou como um dos instrumentos para resolver este problema. Sinceramente, espero que o meu trabalho ajude a consolidá-lo como este parâmetro redistributivo. E é gratificante ver que uma construção da sociedade civil, tão bem elaborada tecnicamente e cuidada politicamente, tenha o poder de transformar o Brasil em um país mais justo. Trilhar esse caminho propositivo é o desafio para a sociedade civil aqui e em qualquer lugar do mundo.

fonte:

http://educacao.uol.com.br/colunas/daniel-cara/2014/03/11/faltam-54-bilhoes-para-as-escolas-publicas-serem-dignas.htm 

Postado por:
Ayrla Julliana da Silva Costa.
 Graduanda do curso de pedagogia ( UFCG ) e Bolsista do PET.
 




 

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Novo plano de governo visa consagrar prevalência do setor privado no financiamento da educação


Novo plano de governo visa consagrar prevalência do setor privado no financiamento da educação




Escrito por Roberto Leher



Com apoio ativo do governo Dilma Rousseff, em especial de seu ministro da Educação Aloísio Mercadante, e das lideranças partidárias da base do governo, foi aprovado no Senado o Plano Nacional de Educação (PLC 103/12). A data de aprovação, terça feira, 17 de dezembro de 2013, será lembrada como o dia em que o financiamento da educação pública brasileira teve a sua qualificação “público” apagada em prol das parcerias público-privadas, um anseio vivamente reivindicado pelas corporações “de novo tipo”, que operam no setor de serviços educacionais e, avidamente, pelas coalizões empresariais imbuídas de um projeto de classe difundido como de salvação da educação brasileira.

É possível sustentar que o PNE do governo Dilma expressa uma mudança estrutural na educação brasileira, consolidando um objetivo que não pode mais ser confundido com o dos proprietários tradicionais das escolas privadas ou o da Igreja católica, sujeitos importantes nos embates da LDB de 1961; antes, afirma os anseios do setor financeiro que atualmente se apropria de vastos domínios dos negócios educacionais e, como assinalado, do capital como um todo, engajado na socialização “adequada” de mais de 55 milhões de crianças e jovens, como é possível depreender da ação do Todos pela Educação (Evangelista e Leher, 2012).

A vitória de Lula da Silva (PT), embora cercada de polêmicas, provocou considerável expectativa de que, ao menos, uma agenda socialdemocrata de fortalecimento da educação pública, gratuita, laica e universal poderia ser adensada conflituosamente no Estado brasileiro. Desde o início de seu primeiro mandato, as sinalizações por meio de projetos de lei e, principalmente, das medidas práticas, apontaram para outro rumo, indicando que os interesses do setor privado-mercantil (e, mais amplamente, do capital) seguiriam guiando a educação superior. O governo Lula da Silva ousou uma ruptura com o padrão de apoio do Estado ao setor privado vigente no período Cardoso: pela primeira vez, e contrariando o Artigo 213 da Constituição, possibilitou com o Programa Universidade para Todos (PROUNI) o repasse de recursos públicos também para as instituições com fins lucrativos, já superiores a 80% do total de instituições privadas.

Objetivando ampliar o mercado educacional, estagnado em virtude da concentração de renda, o governo Lula da Silva aumentou os aportes de recursos públicos para o FIES, cuja taxa de juros foi reduzida a perto de 30% da taxa básica de juros (SELIC): a diferença seria coberta pelo Estado. A isenção tributária ao setor mercantil, possível com a criação do PROUNI, abriu caminho para o ingresso dos fundos de investimento (private equity) no setor educacional, possibilitando uma frenética onda de fusões e aquisições, grande parte pelo capital estrangeiro, promovendo inédita concentração e centralização das corporações educacionais.

Acessem o link abaixo e leiam o texto de Roberto Leher na íntegra. 

 
Comentem, vamos discutir sobre as parcerias público-privada no cenário educacional brasileiro.


 Texto publicado por Patrícia Nelly e Vanderléia Lucena
Graduandas e bolsistas do PET- PEDAGOGIA-UFCG

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Crianças mais novas lidam mais facilmente com diversidade sexual

As crianças mais novas têm mais facilidade em lidar com a diversidade sexual e, consequentemente, mais propensão a respeitá-la, afirma o professor Júnior Diniz, 31, que trabalha com o tema em salas de aula da rede municipal de Contagem (MG).
 O educador afirma ter percebido a receptividade das crianças ao tema ao analisar o comportamento dos alunos perante assuntos abordados na sala de aula. Ele é professor de turma com crianças de cinco anos (educação infantil), no turno da manhã, e de alunos de seis a dez anos (anos iniciais),  no período da tarde.
 "A gente faz um pouco dessa discussão no turno da manhã porque, na educação infantil, é muito presente aquele conceito: isso é de menina, isso é de menino. Menino não pode colorir algo com a cor rosa. Menina não pode brincar de carrinho. Tentamos mostrar que não é bem assim", afirmou.
 Com base nisso, o professor passou a perceber que as crianças tendem a assimilar as diferenças com mais naturalidade.
 "[Os alunos de educação infantil] têm muito menos preconceito que as crianças de dez anos, por exemplo. Quando você fala, exemplificando, de um casal homoafetivo, as crianças mais novas encaram isso com mais naturalidade. Elas não se importam muito se são dois homens ou são duas mulheres", avaliou o professor.
Júnior Diniz disse que algumas crianças mais velhas, com dez anos, já estão imbuídas do que denominou de "preconceito social".
"Quando você toca no assunto, elas já se manifestam de uma maneira mais preconceituosa, adotam uma postura de rejeição e dizem "eca", 'credo'. Aí, temos que trabalhar isso com elas. A gente percebe que o preconceito é construído socialmente. Então, a criança pode aprender, por exemplo, a ser racista, a ser homofóbica, sob a influência do meio em que vive se ele se apresentar como tal. Eu acho errado querer preservar a criança do debate sobre a diversidade (sexual) argumentando que isso é um assunto para adultos", avaliou.

Rayder Bragon
Do UOL, em Belo Horizonte 17/05/201311h25 


link: http://educacao.uol.com.br/noticias/2013/05/17/criancas-mais-novas-tem-mais-facilidade-para-lidar-com-diversidade-sexual.htm



                                                                        Publicado por:
                                                           Guilherme Lima de Arruda
                                        Graduando do curso de pedagogia e bolsista do PET.
 

Educação Crítica e o novo padrão de ensino brasileiro

A educação é uma prática social cíclica, que deve ser renovada e revista no decorrer de nossa existência. Reeducar-se é necessário para acompanhar as evoluções de nossa sociedade. Porém, um dos mais fundamentais contatos com a educação que temos, normalmente, acontece nas salas de aula. As escolas são peças-chave para a formação de indivíduos capazes de melhorar o espaço em que vivem. Pensando neste ideal, não só o de ensinar por ensinar, a Educação Crítica, representada em nosso país por estudiosos como Paulo Freire, tem angariado visibilidade. Um dos exemplos de sucesso da inserção desta filosofia educacional é a rede Alub, representante deste novo padrão para o ensino brasileiro.
Em sua grade curricular, além das matérias comuns, os alunos recebem disciplinas como Cidadania & Ética e Educação Financeira. Assim, eles apreendem noções de Direitos Humanos, Direito Constitucional, Código de Transito, Código do Consumidor. A ong MelhoresColégios, responsável pelo ranking das melhores escolas do País, recentemente, divulgou que o Alub conquistou o segundo lugar no pódio de Brasília. Quanto ao nacional, o grupo se posicionou em oitavo lugar. Além disso, 30% das vagas do último vestibular realizado pela Universidade de Brasília (UnB), um dos mais concorridos do Brasil, foram conquistadas por seus alunos - o que comprova o sucesso deste modelo inovador de ensino em detrimento da tradicional pedagogia de conteúdo.
Em seu pilar pedagógico, a rede incorpora o modelo do educador Jonh Nash, como uma de suas influência. Quatro pilares são trabalhados para que os estudantes estejam preparados para estratégias e negociações: economia, política, administração e relações internacionais. Dentro deste modelo, aprimorado pelos israelenses, são abordadas questões como geometria diferencial, equações diferenciais parciais e teoria dos jogos. Geralmente realizados em grupos, estes jogos aprimoram os alunos, desde o Ensino Fundamental, principalmente quanto a filosofia de inteligência e raciocínio lógico. 
"O próximo passo é expandir este ideal de ensino para outras capitais", afirma Alexandre Crispi, CEO da rede Alub. "Acrescentamos os conteúdos de educação crítica na grade tradicional porque o papel da escola é formar cidadãos conscientes", acrescenta.
Referência nas aulas preparatórias de concursos, pré-vestibulares, PAS e Enem, o Alub é um dos principais grupos educacionais do Distrito Federal. Reconhecido pela qualidade do Ensino Fundamental, Médio e Educação a Distância (EaD), o grupo conta com 14 unidades. Com mensalidades focadas na Classe C, seu curso pré-vestibular é o que mais aprova para a Universidade de Brasília (UnB).

Fonte: Jornal do Brasil   
19 de fevereiro de 2014                                                                                                     publicado por:
                                                                        Elizângela de França Silva
                                                                              Graduanda em pedagogia e bolsista do                                                                                    Programa de  Educação Tutorial



quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Por ausências, 45% dos servidores da Educação terão de devolver dinheiro.


Por causa da quantidade de ausências no ano passado, 45% dos servidores da educação municipal de São Paulo terão de devolver dinheiro à Prefeitura. Dos 83 mil servidores da rede, 37,9 mil terão descontados valores de um bônus que havia sido adiantando em 2013. Em alguns casos, esses descontos chegam a R$ 1,2 mil, dependendo da quantidade de dias fora das escolas. Professores criticam a medida, que classificam como punitiva.
Os dados foram obtidos pela reportagem por meio da Lei de Acesso à Informação. O desconto não será no salário, mas refere-se ao PDE (Prêmio de Desempenho Educacional), cuja primeira parcela foi adiantada em junho de 2013. Em maio do ano passado, a gestão Fernando Haddad (PT) havia mudado o cálculo do prêmio, fazendo com que o volume de ausências responda a 90% do valor - a partir daquele momento. Antes, esses fatores representavam até metade do prêmio.
Os descontos foram divididos por faixas de valores. A maior parte, 23.537 servidores, terá descontos entre R$ 500 a R$ 960. Há quem tenha de devolver apenas R$ 12 e mais de 2,3 mil servidores terão de reembolsar valores entre R$ 1,002 mil e R$ 1,2 mil. Se apenas o valor mínimo de cada faixa fosse descontado, o montante representaria R$ 15 milhões. Os descontos ocorrem em uma época em que Prefeitura promove várias medidas de economia e o próprio prefeito tem reclamado publicamente da escassez de recursos.
Segundo a Secretaria Municipal de Educação, a reformulação do cálculo do bônus foi uma tentativa de diminuir os altos índices de ausências na rede e de valorizar o educador que é assíduo. O maior volume de ausências (e dos descontos) ocorre entre os professores, prejudicando a educação dos alunos nas escolas. Apesar da medida, não houve reflexo nos índices de absenteísmo.
 O secretário de Educação, Cesar Callegari, lamentou que a nova regra não tenha surtido o efeito esperado. "Não houve o impacto que imaginávamos. Mas temos um compromisso com a sociedade e esse volume de ausências não pode ser visto como natural", disse.
  

Adiamento


O valor a ser devolvido depende da jornada de cada profissional e do número de ausências. Com a nova regra, o peso das faltas, mesmo que abonadas, passou a ser maior no cálculo da gratificação. O plano da Prefeitura era realizar os descontos em janeiro deste ano, mas haveria profissionais que ficariam em situação financeira complicada. Alguns deles, como agentes escolares, poderiam ficar sem salários. Um decreto emergencial foi publicado em janeiro, abrindo a possibilidade de fazer os acertos somente em junho. O PDE é sempre pago em duas parcelas. De acordo com a jornada dos profissionais, varia entre R$ 1,2 mil e R$ 2,4 mil.
Professora da rede municipal há 12 anos, Nelice Pompeu, de 40 anos, diz que a decisão da secretaria tem caráter punitivo. "Os professores não faltam porque querem, mas é um reflexo da carreira do professor", diz ela, que critica a própria existência do bônus. "Devia ser incorporado ao salário."
  

Ferramenta


Para Claudio Fonseca, presidente do Sinpeem, principal sindicato da categoria, o PDE não poderia ser usado como ferramenta de redução do absenteísmo. "Os índices de ausência do ano passado mostram que não deu certo. E a maioria das ausências é provocada por adoecimentos e violência", diz.
A consultora em educação Ilona Becskeházy diz que, como o prêmio se mostrou insuficiente para diminuir as ausências, o poder público precisa implementar outras medidas a curto prazo. "Todas as pesquisas mostram que o tempo de estudo é essencial para o desempenho do aluno. Em qualquer repartição pública há controle eletrônico de presença. Por que com os professores é diferente?", questiona Ilona.
"Não há controle social das faltas e o aluno, nesse quesito, acaba mais cobrado que o professor. A Secretaria Municipal da Educação espera que, com as medidas no novo programa educacional da cidade, iniciado neste ano, o absenteísmo deva cair. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

17 de fevereiro de 2014.
Estadão conteúdo em São Paulo. 

                                                                                                                                         Publicado por:
                                                                                                                Ayrla Julliana da Silva Costa.
                                                                         Graduanda do curso de pedagogia e bolsista do PET.



sábado, 1 de fevereiro de 2014

E a vergonha nacional continua...


O anuncio do reajuste salarial dos Professores pelo Governador de Pernambuco, na tarde do dia 02 de janeiro de 2014, não alterou a situação dos Professores do Estado, que continuam recebendo o pior salário do País. O Estado que mais cresce no Brasil continua desvalorizando seus Professores e desrespeitando a entidade representativa da categoria. Tomamos conhecimento do anúncio pela imprensa, não foi negociado com o SINTEPE, como o governador informou na coletiva à imprensa e este valor não será pago no salário do mês de janeiro.

Que vergonha Governador Eduardo Campos! Prometeu, durante a campanha política de 2006, resolver esta vergonha nacional, chegamos ao último ano dos seus dois governos e a situação humilhante para os Professores de Pernambuco continua. Chega de pirotecnias, queremos valorização de verdade. Basta de enganação e mentiras sobre a educação e a valorização dos seus profissionais.


Segue abaixo o quadro comparativo dos salários dos Professores com formação de nível superior na Região Nordeste, com a informação do salário atual pago em Pernambuco e o valor com o reajuste anunciado.


Estados do Nordeste

20 horas por semana
R$
30 horas por semana
R$
40 horas por semana
R$
Bahia


2.324,35
Sergipe


2.326,52
Alagoas


2.172,10
Pernambuco

1.234,52 (1.336,67 com o reajuste anunciado)
1.646,04 (1.782,23 com o reajuste anunciado)
Paraíba

1.679,08
2.238,77 (valor proporcional, não existe jornada de 40 horas por semana).
Rio Grande do Norte

1.638,21
“2.238,77” (valor proporcional, não existe jornada de 40 horas por semana).
Ceará


2.444,92
Piauí


2.152,27
Maranhão
1.958,02

“3.916,04” (valor proporcional, não existe jornada de 40 horas por semana).
Fonte: Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) com valores salariais válidos em Maio de 2013.

Recife, 02 de janeiro de 2014.

Heleno Araújo Filho
Presidente do SINTEPE
Secretário de Assuntos Educacionais da CNTE
Membro do Fórum Nacional de Educação (FNE)

Postado por:
Bruna Sonaly Diniz Bernardino
Graduanda do Curso de Pedagogia e Bolsista do PET.