sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Lei 12.499 garante recursos a novas creches que Fundeb não atende

As novas creches e pré-escolas receberão recursos do Ministério da Educação até que passem a ser atendidas pelo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), o que só acontece depois de incluídas no Censo Escolar, ou seja, no ano seguinte à sua criação. A lei 12.499, publicada nesta sexta-feira, 30, no Diário Oficial da União, autoriza a União a transferir recursos aos municípios e ao Distrito Federal para prestar apoio financeiro à manutenção de novos estabelecimentos públicos de educação infantil.

Podem receber os recursos creches e pré-escolas construídas com recursos de programas federais, que estejam em funcionamento. O MEC dispõe de R$ 88 milhões para as ações de custeio.

Segundo o diretor de apoio aos sistemas públicos de ensino e promoção da infraestrutura física e tecnológica do MEC, Romeu Caputo, a transferência será feita rapidamente e a lei determina a cobertura do lapso de tempo entre a inauguração da escola e o repasse de recursos federais. “A prefeitura construía a creche e a pré-escola e passava a atender essas crianças, mas não tinha como declará-las no Censo Escolar e só vinha a receber os recursos no ano seguinte.”

Em breve, o Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação (FNDE) publicará resolução que informará o procedimento necessário para o cadastramento das novas creches e pré-escolas no sistema do Ministério da Educação.

Diego Rocha
Fonte: http://portal.mec.gov.br/






Postado por:
Pâmella Tamires Avelino de Sousa
Graduanda em Licenciatura em Pedagogia - UFCG
Bolsista do Programa de Educação Tutorial - PET

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Tablets: INCLUSÃO digital? (Charge)


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Tablets: INCLUSÃO digital?


    O MEC (Ministério da Educação) vai distribuir tablets – computadores pessoais portáteis do tipo prancheta, da espessura de um livro – a escolas públicas a partir do próximo ano. A informação foi divulgada nesta quinta-feira (1º) pelo ministro da Educação, Fernando Haddad, durante palestra a editores de livros escolares, na 15ª Bienal do Livro. O objetivo, segundo o ministro, é universalizar o acesso dos alunos à tecnologia.
     Haddad afirmou que o edital para a compra dos equipamentos será publicado ainda este ano. “Nós estamos investindo em conteúdos digitais educacionais. O MEC investiu, só no último período, R$ 70 milhões em produção de conteúdos digitais. Temos portais importantes, como o Portal do Professor e o Portal Domínio Público. São 13 mil objetos educacionais digitais disponíveis, cobrindo quase toda a grade do ensino médio e boa parte do ensino fundamental.”
    O ministro disse que o MEC está em processo de transformação. “Precisamos, agora, dar um salto, com os tablets. Mas temos que fazer isso de maneira a fortalecer a indústria, os autores, as editoras, para que não venhamos a sofrer um problema de sustentabilidade, com a questão da pirataria.”
    Haddad não soube precisar o volume de tablets que será comprado pelo MEC, mas disse que estaria na casa das “centenas de milhares”. Ele destacou que a iniciativa está sendo executada em parceria com o MCT (Ministério da Ciência e Tecnologia).
    "O MEC, neste ano, já publica o edital de tablets, com produção local, totalmente desonerado de impostos, com aval do Ministério da Fazenda. A ordem de grandeza do MEC é de centenas de milhares. Em 2012, já haverá uma escala razoável na distribuição de tablets."

terça-feira, 6 de setembro de 2011

A doença da educação brasileira é ideologia. E seu nome é petismo.


No post anterior, há um retrato do ensino no Brasil, revelado pela Prova ABC. É uma vergonha! Digam o que disserem, acreditem: não chegamos a isso por falta de verba. Dada a realidade do país, o Brasil gasta bastante com a educação. Não dispomos é de mecanismos eficazes para avaliar a qualidade do trabalho feito nas escolas e intervir para corrigir as deficiências.
Sempre que o debate é colocado, tudo termina na ladainha sindical de sempre: se os professores fossem mais bem pagos, tudo seria diferente. Essa é uma das falácias mais influentes no setor. Seria estúpido afirmar que salários maiores fariam mal aos alunos — e, com efeito, há realidades dramáticas em certas áreas do país. A verdade insofismável, no entanto, é que o aumento da remuneração poderia fazer bem aos professores sem mudar uma vírgula na qualidade de ensino.
Há um coquetel de problemas que resulta nesse desastre. Embora tenham naturezas distintas, têm algo em comum: desprezam o aluno, que deixou de ser o centro da preocupação das escolas — em especial, dos educadores. Vamos ver. Os estados e municípios, pouco importa o salário que paguem, não dispõem de mecanismos para promover os competentes e punir os incompetentes.
O estado de São Paulo, na gestão Serra, instituiu um sistema de promoção salarial por mérito. A escola melhorou, provaram os exames. Os petista-cutistas da Apeoesp foram às ruas protestar. Chegaram a queimar livros didáticos em praça pública, os fascistas! Neste momento, a Apeoesp tenta negociar com a Secretaria da Educação o fim do modelo. Os valentes não querem saber de mérito. Eles gostam é do demérito que iguala todos por baixo. Os alunos que se danem! No Brasil inteiro, a educação é refém da militância política, especialmente a petista — quando não está entregue a radicais à esquerda do PT.
Embora as escolas privadas não sejam lá grande coisa, já demonstraram alguns outros indicadores, a Prova ABC evidencia que o desempenho dos estudantes dessas instituições é muito superior ao das escolas públicas. A razão é simples: a cobrança é maior.
O ensino — também em boa parte das escolas privadas, note-se — está corroído por uma doença ideológica. Boa parte dos “educadores” acredita que sua função não é ensinar português, matemática e ciências, mas princípios de cidadania, com o objetivo de formar “indivíduos conscientes”. Alunos seriam pessoas “oprimidas”, que precisam passar por um processo de “libertação”. O mal que a paulo-freirização fez à escola levará gerações para ser superado. Todos os mitos ideológicos que Paulo Freire criou com seu método de alfabetização de adultos foram transferidos para a educação de crianças e jovens. O resultado é devastador. Escrevo sobre esse assunto há anos. Era um dos temas recorrentes da revista e site Primeira Leitura.
À pedagogia “libertadora” de Paulo Freire se juntou, mais recentemente, a turma da “pedagogia do amor”, de que Gabriel Chalita é um dos formuladores. Em vez de educar, o professor liberta; em vez de educar, o professor ama. Se toda essa conversa mole der errado, há o risco até de a escola ensinar alguma coisa. O fato é que o cruzamento de Freire com Chalita resulta em ignorância propositiva e amorosa.
Enquanto objetivos claros não forem estabelecidos e enquanto as várias esferas do estado não dispuserem de instrumentos de intervenção para exigir qualidade, podem esquecer. A reação bucéfala às medidas modernizadoras implementadas pelo governo Serra, em São Paulo, demonstra que a raiz do problema é, sim, ideológica. O sindicato dos professores foi usado como mero instrumento da luta política. De dia, a presidente da entidade, a notória Bebel, fazia passeata; à noite, encontrava-se com Dilma Rousseff, candidata do PT à Presidência, e era tratada como heroína.
E uma última questão por ora: deixem um pouco o sociologismo fora disso. Essa conversa de que é impossível ensinar alunos com fome, vindos de lares desestruturados etc. não cola mais. A fome é exceção no Brasil. A imensa maioria das famílias pobres é mais organizada e hierarquizada do que as de classe média e média-alta — o tal “povo” é bastante conservador nessas coisas. Desorganizado e desestruturado, no que concerne à educação, é o estado brasileiro.
Por Reinaldo Azevedo

A miséria da educação no Brasil. Ou: o país que não está nos discursos


Do Portal G1:
Uma avaliação feita com alunos que cursaram em 2010 o 3º ano do ensino fundamental de escolas públicas e privadas do país mostra que menos da metade (42,8%) das crianças aprendeu o mínimo do que era esperado no conteúdo de matemática para este nível do ensino.
O resultado da Prova ABC (Avaliação Brasileira do Final do Ciclo de Alfabetização) mostrou ainda que 56,1% dos alunos aprenderam o que era esperado em leitura, e 53,4% dos estudantes tiveram desempenho dentro do esperado em redação.
Os dados acima consideram a média entre alunos de escolas públicas e privadas. Entretanto, o levantamento registrou diferença significativa no desempenho entre estudantes dos dois grupos. (Veja tabela abaixo)
A avaliação foi feita com alunos do 3º ano do ensino fundamental; ele é o equivalente à 2ª série do antigo ensino primário. Nessa fase, os alunos têm, em média, oito anos.
A Prova ABC mostra ainda uma grande variação entre as regiões do país e as redes de ensino (pública e privada). Sul e Sudeste obtiveram os melhores desempenhos, enquanto Norte e Nordeste mostraram as piores avaliações.
A prova foi aplicada no primeiro semestre deste ano para cerca de 6 mil alunos de escolas municipais, estaduais e particulares de todas as capitais do país para medir seu conhecimento do conteúdo até o 3º ano. A avaliação foi elaborada em uma parceria do Todos Pela Educação com o Instituto Paulo Montenegro /Ibope, a Fundação Cesgranrio e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Cada criança respondeu a 20 itens (questões de múltipla escolha) de leitura ou de matemática (o aluno fez testes de apenas uma das duas áreas). Além disso, todas elas escreveram uma breve redação, a partir de um tema único. O objetivo foi avaliar o nível de conhecimento adquirido pelos alunos ao final do terceiro ano, que representa o fim do ciclo básico de alfabetização.
Matemática
Na prova de matemática, o objetivo era obter no mínimo 175 pontos para mostrar domínio da adição e subtração e conseguir resolver problemas envolvendo, por exemplo, notas e moedas. Estes 175 pontos correspondem ao conhecimento esperado dos alunos desta série segundo escala do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb).
No total, 42,8% do total das crianças tendo aprendido o que era esperado para esta etapa do ensino em matemática. A média nacional foi de 171,1 pontos, sendo que entre os alunos da rede privada foi de 211,2 pontos, a da rede pública ficou em 158,0 pontos.
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“As pessoas acham que alfabetização é apenas saber ler e escrever. Tem que se pensar na alfabetização numérica também, precisamos desde cedo que nossas crianças saibam as operações básicas de matemática”, diz o professor Ruben Klein, da Cesgranrio. “Para que o país possa ter conhecimento tecnológico e formar engenheiros é preciso desde cedo ter uma boa formação em matemática.”
A média de 42 pontos percentuais entre os alunos da rede pública e os da rede privada chamou a atenção na pesquisa.
Os pesquisadores destacam a preocupação em se corrigir o problema ainda na educação básica. “A tendência é este desempenho piorar nas séries mais avançadas”, diz Klein. “Pesquisa com estudantes que estão terminando o ensino médio mostra que só 11% atingem o conhecimento mínimo em matemática.”
Leitura
Na prova de leitura, os alunos, entre outras tarefas, tinham que identificar temas de uma narrativa, localizar informações, identificar características de personagens e perceber relações de causa e efeito contidas nestas narrativas. A média foi de 185,8 pontos na escala, sendo 216,7 pontos entre alunos da rede privada e 175,8 pontos para estudantes da rede pública. A médica nacional (incluindo escolas públicas e privadas) foi de 56,1%
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Na prova avaliação de escrita, a média esperada do desempenho dos alunos na redação era de 75 pontos. A média nacional ficou em 68,1 pontos, sendo a média das escolas públicas de 62,3 pontos e a das privadas 86,2 pontos.
“Todas as crianças deveriam atingir 100% de aproveitamento. É um direito básico de educação”, afirma Priscila Cruz, diretora executiva do Todos Pela Educação. “É preciso um investimento pesado na formação de professores e na educação infantil. Para reduzir a desigualdade social é também preciso reduzir esta desigualdade educacional.
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Por Reinaldo Azevedo

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Brasil quer alcançar 1,2 milhão de matrículas em universidades federais até 2014

A presidenta Dilma Rousseff afirmou nesta segunda (22) que o governo tem como meta alcançar 1,2 milhão de matrículas em universidade federais até 2014. Na semana passada, foi anunciada a criação de quatro unidades em estados do Norte e do Nordeste. Com a expansão, a rede federal passa a contar com 63 universidades.
No programa semanal Café com a Presidenta, Dilma avaliou o anúncio como um passo importante na terceira fase do Plano de Expansão da Rede Federal de Educação, formada por universidades federais e também por Institutos Federais de Educação Profissional, Ciência e Tecnologia (Ifets).
“Estamos criando condições para formar engenheiros, médicos, agrônomos, professores, dentistas e técnicos das mais diversas especializações, em municípios dos mais diferentes tamanhos, em todas as regiões”, afirmou a presidenta.
Dilma lembrou que cidades com mais de 50 mil habitantes foram priorizadas na escolha dos locais para as universidades. Segundo ela, tratam-se de microrregiões onde não existiam unidades da rede federal, sobretudo no interior do país. Também foram considerados municípios com elevado percentual de pobreza e com mais de 80 mil habitantes, mas onde as prefeituras têm dificuldade de investir em educação.
“Antes, para realizar o sonho de ter uma profissão, o jovem tinha que sair de casa, viajar para estudar na capital ou nos grandes centros urbanos. Agora, o ensino universitário, o ensino tecnológico está indo onde o cidadão mora ou nas suas vizinhanças”, explicou.
Para a presidenta, um salto na educação brasileira pode contribuir para o enfrentamento da crise econômica que atinge países como os Estados Unidos e os da União Europeia.
“Temos que ter consciência de que estamos vivendo uma situação mundial de muitas turbulências lá fora. Estamos preparados para atravessar esse momento de instabilidade econômica mundial, mas não podemos descuidar. Temos que enfrentar os desafios de hoje sem tirar os olhos do amanhã.”
(Agência Brasil)

domingo, 14 de agosto de 2011

Aluno de universidade pública poderá prestar serviço obrigatório



Em tramitação na Câmara, projeto coloca a prestação de serviços sociais como requisito prévio para obter o título acadêmico
 
Tramita na Câmara o Projeto de Lei 326/11, do deputado Rubens Bueno (PPS-PR), que obriga o recém-graduado das instituições públicas de educação superior mantidas pela União a prestar serviço social profissional pelo prazo de pelo menos seis meses, sem remuneração salarial.
 
Pelo projeto, o serviço social será prestado de acordo com a natureza da formação acadêmica, com o objetivo de colocar à disposição da sociedade a preparação profissional do recém-graduado. Ele será requisito prévio para obter o título ou grau acadêmico, sem substituir o estágio profissional obrigatório.
 
Contrapartida
 
Para Rubens Bueno, o projeto representa uma alternativa à ideia de cobrar mensalidades dos alunos de graduação do ensino público. "É justo que os estudantes beneficiários da privilegiada experiência de estudar gratuitamente nas melhores instituições de educação superior ofereçam à sociedade, também de forma gratuita, os seus serviços profissionais, pelo menos durante o curto período de seis meses", argumenta.
 
Segundo o Ministério da Educação (MEC), em 2007 o custo anual de cada aluno de universidade federal foi R$ 15.118,04. A meta do ministério é reduzir o valor para R$ 9.403,39 até 2012, com os esforços do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), que está ampliando o número de matrículas ofertadas.
 
Desigualdade
 
A educação, diz o deputado, é uma estratégia privilegiada de redução das diferenças sociais. "O projeto objetiva determinar que, na formação em nível superior dos cidadãos brasileiros, seja assegurada a experiência indispensável de lidar com as questões mais importantes relativas à desigualdade social e à promoção de sua erradicação, mediante ações efetivas de desenvolvimento das comunidades carentes", explica.
 
Além do caráter de justiça social e incentivo ao espírito de solidariedade, prossegue Rubens Bueno, não haverá qualquer prejuízo para o profissional recém-formado, que receberá ajuda financeira e terá sua atividade validada e incorporada ao tempo de serviço, para fins de aposentadoria.
 
O serviço social profissional obrigatório, sustenta o deputado, é uma compensação pelo privilégio do ensino gratuito, ao mesmo tempo em que abre aos brasileiros carentes o acesso efetivo aos diversos serviços de competência do poder público.
 
Tramitação
 
O projeto foi apensado ao PL 2598/07, do deputado Geraldo Resende (PMDB-MS), que trata da prestação de serviço de saúde por estudantes. As propostas serão analisadas em caráter conclusivo pelas comissões de Seguridade Social e Família; Educação e Cultura; Finanças e Tributação; e Constituição e Justiça e de Cidadania.
 
(Agência Câmara, disponível em Jornal da Ciência)

quinta-feira, 11 de agosto de 2011


Prêmio Anísio Teixeira 2011:
comunidade científica, relações de gênero e escola básica

Luciano Mendes de Faria Filho[1]
Eliane Marta Santos Teixeira Lopes[2]


Em cerimônia bastante concorrida, no  dia 11 de junho,  a Presidente Dilma Roussef  entregou a cinco pesquisadores brasileiros o Prêmio Anísio Teixeira. A solenidade faz parte das comemorações dos 60 anos da CAPES. O prêmio, segundo o site da CAPES, a instituição que, a cada 05 anos, escolhe os agraciados,  “ é uma homenagem ao educador Anísio Teixeira, intelectual baiano que difundiu o papel transformador da educação e da escola para a construção de uma sociedade moderna e democrática.” Todos escolhidos  - Álvaro Toubes Prata, engenharia; Fernando Galembeck, química;  João Fernando Gomes de Oliveira, engenharia;  Luiz Bevilacqua, engenharia;  Nelson Maculan Filho, engenharia -  são cientista de grande destaque em sua área de atuação e nas comunidades científicas nacional e internacional. Merecem, pois,  os parabéns de todos nós!

Chama a atenção, no entanto, o fato de que nenhuma mulher tenha sido escolhida para receber tão importante, rara e, por isto mesmo, de grande valor simbólico, condecoração.  Considerando que há, em todas as áreas de conhecimento, mulheres que são excelentes cientistas,   há que se perguntar o que isto revela sobre as relações de gênero na comunidade científica nacional. Sendo esta uma temática que já foi objeto de inúmeros trabalhos e discussões acadêmicos, gostaria aqui apenas de ressaltar que a premiação parece revelar o quanto a comunidade científica também está sujeita às desiguais relações de gênero que perpassam  nossa sociedade. 

É evidente que a premiação aludida é apenas a forma como, neste momento, tais desigualdades vêm a público; ele é, por assim dizer, a ponta do iceberg. Afinal, não é do desconhecimento dos cientistas das  mais diversas áreas  que as mulheres estão longe de alcançar,  postos de comando de agências de fomento, comitês assessores e  nas reitorias de nossas universidades, a mesma presença que têm na   produção científica nacional.  Ou seja, mesmo que uma mulher tenha chegado ao mais alto posto da República, é desolador ver que, mesmo ela, tenha que se curvar às formas desiguais com o poder está distribuído no interior da comunidade acadêmica. A este respeito, posso estar enganado, mas assistindo à cerimônia pela televisão é visível a surpresa da Presidente quando viu que apenas aqueles 05 seriam os agraciados! Será que ela esperava que houvesse mulheres entre eles? Talvez.  

É interessante notar, ainda, que dentre os premiados não há ninguém da área das ciências humanas e sociais.  A respeito disso, é importante lembrar que naquela é considerado hoje pelo governo federal como o mais ambicioso projeto de formação de cientistas e internacionalização da pesquisa brasileira – o recém lançado Ciência Sem Fronteiras, que pretende enviar mais de 70 mil jovens brasileiros para estudarem no exterior, facilitar a vinda de pesquisadores estrangeiros ao Brasil e “repatriar” pesquisadores brasileiros que estão no exterior – também as ciências humanas e sociais foram muito tangencialmente contempladas. Poderíamos  perguntar:  seriam estes fatos  reveladores de que é possível transformar o Brasil apenas com engenheiros, físicos, biológicos, químicos, desde que altamente qualificados? Ou, de outro modo, seriam reveladores da baixa valorização da contribuição das ciências humanas e sociais à democratização e ao desenvolvimento social e econômico do país?

Porém, a entrega do Prêmio Anísio Teixeira de 2011 é revelador de outra coisa: dentre os escolhidos não há nenhum que o tenha sido por contribuição relevante à educação básica. Ora, como sabemos, Anísio Teixeira foi o Fundador da CAPES. Mas, antes e acima de tudo, ele foi um intelectual, pesquisador,  gestor e ativista ligado á causa daquela que, hoje, chamamos de educação básica. Esperava ele, inclusive, que a CAPES pudesse dar uma contribuição substantiva á superação daquilo que ele mesmo, desde os anos 20, vinha denunciando como um dos grandes entraves á democratização do Brasil: a educação de qualidade era um privilégio de alguns poucos.

Pois bem, apesar de ser uma homenagem a Anísio Teixeira e na cerimônia a importância da escola básica ter tido destaque, inclusive porque a CAPES tem, agora, importantes responsabilidades com esse nível da educação,  soa muito estranho que nenhum pesquisador, que nenhuma pesquisadora, tenha sido escolhido por sua contribuição à educação pública que é oferecida à imensa maioria da população brasileira. Mais uma vez, a opção foi por privilegiar aqueles que, de forma reconhecidamente competente, diga-se de passagem, contribuíram com o ensino superior e  com a pós graduação. Isto não é pouco mas, convenhamos, não faz justiça a todo o legado anisiano.  Considerando o valor simbólico do prêmio como um reconhecimento não apenas ao agraciado, mas, também, de sua área de atuação e contribuição, o esquecimento dos pesquisadores que, por meio de suas pesquisa  em diversas áreas do conhecimento contribuem para a melhoria da escola básica, soa  estanho, sobretudo neste momento em que a CAPES se esforça para estruturar de ações estratégicas nível da educação pública.  



[1] Professor Associado da UFMG, ex-Coordenador o Comitê de Assessoramento de Educação do CNPq  e Coordenador do Projeto Pensar a Educação Pensar o Brasil – 1822/2022.
[2] Professora Titular (Aposentada) da UFMG e pesquisadora de  história da educação e relações de gênero.

sábado, 6 de agosto de 2011

Dona Licinha

Ilustração: Carlo Giovani

A senhora não me conhece. Faz tanto tempo e me lembro de detalhes do seu jeito, sua voz, seu penteado e roupas... A senhora ensinava na 3a série B e eu era aluna da 3ª série C no Grupo Escolar do Tatuapé... Passava no corredor fazendo figa para mudar de classe, pra minha professora viajar e nunca mais voltar, pra diretora implicar e me mandar pra 3a B... Nunca tive tanta inveja na minha vida como tive das crianças da série B...

Lembro que na sua sala se ouviam risadas quase o tempo todo. Maior gostosura! De vez em quando, um enorme silêncio quebrado por uma voz suave...era hora de contar histórias. Suspirando, eu grudava na janela e escutava o que podia... Também muitos piques e hurras, brincadeiras correndo solto. Esconde-esconde, telefone sem fio, campeonato de Geografia. Tanto fazia a aprontação inventada. Importava era sentir a redonda contenteza dos alunos.

A sua sala era colorida com desenhos das crianças, um painel com recortes de revistas e jornais, figurinhas bailando em fios pendurados, mapas e fotos... Uma lindeza rodopiante mudada toda semana! Vi pela janela seus alunos fantasiados, pintados, emperucados, representando cenas da História do Brasil! Maior maravilhamento! Demorei, entendi. Quem nunca entendeu foi a minha professora... Seu segredo era ensinar brincando. Na descoberta! Na contenteza!

Nunca ouvi berros, um "Cala boca", "Aqui quem manda sou eu" e outras mansidões que a minha professora dizia sem cansar. Não escutei ameaças de provas de sopetão, castigos, dobro da lição de casa, chamar a diretora, com que a minha professora me aterrorizava o tempo todo...

Dona Licinha, eu quis tanto ser sua aluna quando fiz a 3a série. Não fui... Hoje, tanto tempo depois, sou professora. Também duma 3a série. Agora sou sua colega... Só não esqueço que queria estar na sua classe, seguir suas aulas risonhas, sem cobranças, sem chateações, sem forçar barras, sem fazer engolir o desinteressante. Numa sala colorida, iluminada, bailante. Também quero ser uma professora assim. Do seu jeito abraçante.

Hoje, vi uma garotinha me espiando pela janela. Arrepiei. Senti que estava chegando num jeito legal de estar numa sala de aula... Por isso resolvi escrever para a senhora. Vontadona engolida por décadas. Tinha que dizer que continuo querendo muito ser aluna da Dona Licinha. Agora, aluna de como ser professora. Fazendo meus alunos viverem surpresas inventivas.

Um abraço apertado,

cheinho de gostosuras, da

Ciça
Conto de fanny Abramovich
Ilustrado por Carlo Giovani
Foto de Leo Feltran



Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/fundamental-1/dona-licinha-634345.shtml

Recepção Feras 2011.2


Na noite de sexta-feira (05/08), o Grupo PET-Pedagogia recepcionou os novos alunos do curso. A intenção de realizar uma noite diferente, demonstrando o que é o Grupo e quais atividades desenvolvidas com o curso, de maneira menos exaustiva utilizou atividades de: Recitação de poesias, brincadeiras e dinâmicas, além de nossa FiliPETa que enfocou uma nova característica: as espectativas do  ser professor/aluno. Mostrando a preocupação do curso na formação de seus alunos.  Garantindo, assim, conforto e interação aos novos alunos.

Confiram um pouco da noite:

 Apresentação

Apresentação

 Recitação de Poesias

 Dinâmica - Prof. José Luiz

 Dinâmica - Prof. José Luiz

 Integrantes PET-Pedagogia

 Dinâmica - Prof. José Luiz





 Integrantes PET-Pedagogia

 Integrantes PET-Pedagogia e Prof. José Luiz

Profa. Niedja(Coordenadora do Curso)



Postado por:
Pâmella Tamires Avelino de Sousa
Graduanda em Pedagogia
Bolsista do Programa de Educação Tutorial