quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

"Um conto de Natal"

O assassinato do ambulante Luiz no metrô: Um conto de Natal brasileiro

O vendedor ambulante Luiz Carlos Ruas foi espancado até a morte por dois homens após, segundo a polícia, tentar defender duas travestis em situação de rua que estavam apanhando deles no centro de São Paulo. Chegou a correr para a dentro da estação de metrô Pedro II, mas foi perseguido, derrubado e levou socos e pontapés por um minuto e meio.
Tudo nessa história converge para chocar: o espancamento de um homem de 54 anos por dois jovens de 26 e 21; a morte ter ocorrido dentro de uma estação de metrô; a falta de preocupação dos rapazes de fazerem isso em um local em que certamente seriam identificados; não ter aparecido nenhum segurança para impedir; câmeras terem gravado as imagens que, mostradas pela imprensa, viralizaram pela rede; uma pessoa já discriminada socialmente (um vendedor ambulante) ter morrido porque tentou defender outras pessoas que também são (travestis); ser noite de 25 de dezembro, Natal.
É a mistura da banalização da violência, da sensação de onipotência e de invencibilidade, do ódio profundo a algo.
A banalização da violência causada por uma sociedade que transforma a violência em produto e a vende diariamente, na forma de programas sensacionalistas na TV, de jogos para computador ou videogame. Uma sociedade incapaz de refletir sobre a importância do diálogo e não da força na resolução de conflitos.
Há quem se sinta onipotente por fazer parte de um grupo tido como hegemônico (homens, héteros…) Pensa que, com isso, os outros lhes devem algum tributo. O sentimento sempre esteve presente em nossa história e a violência e as mortes impunes decorrentes dele também. Mas acredito que essa sensação foi potencializada após certas visões ultraconservadoras terem saído do armário diante do contexto favorável nos últimos anos. Perdeu-se o pudor de não ter pudor.
Isso sem contar o ódio profundo. Prega-se em púlpitos, em plenários, na TV, em reuniões com amigos, que o mal precisa ser extirpado. Que há pessoas ou grupos que representam o mal e precisam ser eliminados. Quantas vezes não lemos nas redes sociais comentários como ''ele é um câncer que precisa ser extirpado'' ou ''tal pessoa merece a morte''? Na superfície dessa afirmação, há ódio. Mas se escavarmos um pouco, chegaremos ao medo do desconhecido e do diferente e, portanto, à ignorância sobre o outro.
Nesse ponto, vale ir mais a fundo.
Ao assistir às imagens chocantes do assassinato de Luiz, lembrei-me de um depoimento que me foi dado por Maria Aparecida Costa, que militou contra a última ditadura civil militar. Ela ficou presa por três anos e meio, dos quais dois meses sendo torturada no DOI-Codi, na rua Tutóia, em São Paulo, local onde hoje fica o 36o Distrito Policial. Paus-de-arara, eletrochoques, ''cadeiras do dragão'' e tantos outros métodos criativos aplicados na resistência por militares e policiais tinham lugar por lá.
''O ódio. Eu não consigo, até agora, entender de onde vinha tanto, tanto ódio.''
A dúvida de Maria Aparecida tem mais de 40 anos, mas bem caberia na polarização tacanha de hoje, em que muitos não reconhecem os outros como seus semelhantes simplesmente porque esses pensam diferentes ou são fisicamente diferentes. Enxergamos inimigos em cada esquina.
A tortura, naquela época, firmava-se como arma de uma disputa. Era necessário ''quebrar'' a pessoa, mentalmente e fisicamente, pelo que ela era, pelo que representava e pelo que defendia. Não era apenas um ser humano que morria a cada pancada. Era também uma visão de mundo, uma ideia.
Há um incômodo paralelo entre as mortes ocorridas no DOI-Codi e a morte de Luiz Carlos. O que Luiz sofreu antes de morrer foi uma sessão de tortura pelo que ele era, pelo que representava e pelo que defendeu.
É inominável a sensação de que isso não acontece apenas nos porões, nos becos, no escuro, mas na frente de câmeras de segurança e de centenas de pessoas. Esqueça a questão ética, que nem está presente. A morte foi praticamente uma encenação da estética da violência reprimida e que, agora no Brasil do caos, ganha a liberdade. E, portanto, uma declaração pública, inconsciente ou não.
Ainda hoje, Cida tenta entender o que ocorreu. ''Tinha mais alguma coisa. Claro que a justificativa era ideológica. Mas tinha mais alguma coisa. Porque eles sentiam prazer de verdade no que faziam. Prazer de verdade em torturar.'' Talvez o ódio surgia, como ela lembra, da sensação de poder. De fazer porque se pode fazer enquanto o outro nada pode.
Luiz não deveria ter dito ''Não faz isso com o rapaz'', quando eles agrediam uma das travestis. Mas agiu com justiça e disse e, ousando sair de sua invisibilidade e pagando um preço caro por isso.
Dizem que carrascos não podem pensar muito no que fazem sob o risco de enlouquecerem. Mas também dizem que os melhores carrascos são os psicopatas que gostam do que fazem. E se dedicam com afinco a descobrir novas formas de garantir o sofrimento humano.
A certeza do ''tudo pode'' provoca vítimas nas periferias das grandes cidades, entre a população LGBT ou em situação de rua, entre os jovens negros e pobres, grupos cuja vida, para nós, vale muito pouco. Eles sempre sofreram e morreram, mas sem que as imagens corressem pela internet.
O problema é que ódio não surge de geração espontânea. É cultivado.
Como já escrevi aqui, pastores e padres de certas igrejas inflamam seus fieis contra aquilo que consideram um desrespeito às leis de seu deus. Quando um grupo espanca um gay ou uma travesti, esses pastores e padres dizem que não têm nada a ver com isso.
Figuras públicas da TV inflamam a população contra a degradação da civilização e das famílias de bem. Quando um grupo resolve amarrar alguém em um poste e linchar até a morte, essas figuras públicas dizem que não têm nada a ver com isso.
Certas famílias inflamam seus filhos contra o público LGBT, contra jovens negros e pobres da periferia e contra pessoas em situação de rua, dizendo que são uma ameaça à vida nas grandes cidades e não valem nada. Quando um grupo resolve despejar preconceito ou dar pauladas e por fogo nessas pessoas, as famílias dizem que não têm nada a ver com isso.
Políticos, de governo e oposição, inflamam seus eleitores, desumanizando o adversário e transformando o jogo democrático em uma luta do bem contra o mal. Quando um grupo passa a agredir fisicamente o outro, os políticos dizem que não têm nada a ver com isso.
Hordas de guerrilheiros digitais sob perfis falsos inflamam seus leitores, repassando conteúdo violento e falso. Quando um grupo passa a assediar, de forma injusta, pessoas ou instituições com base nesse conteúdo, há quem diga que as pessoas por trás desses perfis e páginas nas redes sociais não têm nada a ver com isso.
Talvez, no fundo, todos estejam certos.
Culpado mesmo era o Luiz. 

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

IV SePPEC

Clique AQUI para maiores informações! 




      O Seminário Percursos do Pensamento Educacional Contemporâneo- SePPEC desde a sua primeira edição, no ano de 2012, tem se constituído em um momento culminante  de estudos desenvolvidos nas disciplinas de Fundamentos Filosóficos, Históricos,  Sociológicos da Educação  e Educação de Jovens e Adultos (EJA) do Curso de Pedagogia/CH/UFCG, nos Grupos do Programa de Educação Tutorial (PET) Educação e Pedagogia, bem como no Grupo de Estudos sobre Paulo Freire (GESPAUF). No I SePPEC-  Discutindo o Público e o Privado na Educação Brasileira, discutiu-se as contribuições, ao processo de construção da escola pública no Brasil, de correntes do pensamento pedagógico cuja influência pode ser evidenciada nos diversos momentos da história da educação em nosso país, enfatizando o escolanovismo, a pedagogia histórico-crítica e o neoliberalismo. 

       No II SePPEC Educação E Emancipação: Política   e Pedagogia na Práxis de Paulo Freire, realizado no ano de 2013, buscou-se refletir sobre as contribuições e a relevância de Paulo Freire para a educação brasileira, enfatizando a dimensão política de sua práxis pedagógica. No ano de 2014,  o III SePPEC deu sequência às reflexões desenvolvidas sobre o pensamento freireano com a temática Memórias da Cultura e Educação Popular nos anos 1960.  Assim, circunscreveu-se à mobilização social nos campos da cultura e da educação popular, ocorrida nos primeiros anos da década de 1960, mais especificamente, nos estados da Paraíba e de Pernambuco, conferindo especial relevo à Campanha de Educação Popular da Paraíba - CEPLAR.

         Neste ano de 2016, na sua quarta edição, o  SePPEC busca enfocar a temática A EDUCAÇÃO PÚBLICA NO BRASIL: EMBATES E RESISTÊNCIAS  e pretende constituir-se como um espaço de aprofundamento teórico, reflexão e de articulação daqueles –  estudantes dos cursos de formação para o magistério, pesquisadores, organizações sindicais e trabalhadores da educação – que acreditam e lutam pela construção de uma educação pública, gratuita, laica e de qualidade, socialmente referenciada. Na atual conjuntura brasileira, a educação pública vem sendo alvo de  ameaças  e ataques que representam o desmonte do percurso de construção democrática no campo da educação nacional, após mais de 20 anos de ditadura militar. Nesse contexto, o IV SePPEC objetiva, primordialmente, contribuir para  aprofundar a reflexão acerca do processo de construção da educação pública no Brasil, do pensamento pedagógico,  enfatizando perspectivas conservadoras, emancipatórias e contra-hegemônicas. Ademais, pretende fomentar  a reflexão e o debate  acerca  da emergência de ações em defesa da escola pública que vêm sendo realizadas na contracorrente de posições antidemocráticas, no atual contexto socio-histórico.

Nesse cenário, conclamamos:  POR NENHUM DIREITO A MENOS!




quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Atenção!!! VI Encontro do Curso de Pedagogia (UFPB)

O Curso de Pedagogia da UFPB, do Campus de Bananeiras, promoverá o VI encontro do Curso de Pedagogia com o tema Leituras e transversalidade. Abre-se como espaço de discussões, experiências, arranjos, cruzamentos que pretendem apontar para a criação de repertórios imaginativos e replicados pela leitura das escritas, emoções, do mundo, da paisagem, da vida, do texto.




Informações sobre a inscrição:

A inscrição custará R$ 20,00 e deverá ser feita através do e-mail inscricao.enrepe2016@gmail.com. O recebimento de trabalho acontecerão até o dia 15 de setembro de 2016

Para maiores informações acessem ao site:
http://www.cchsa.ufpb.br/cchsa/editores/noticias/vi-encontro-do-curso-de-pedagogia

sexta-feira, 29 de julho de 2016

Inscrições Homologadas




Universidade Federal de Campina Grande
Centro de Humanidades
Unidade Acadêmica de Educação
Curso de Pedagogia
Programa de Educação Tutorial – PET
Seleção de Bolsistas e Voluntários – 2016
EDITAL N° 02/2016


Inscrições Homologadas


CANDIDATAS
MATRÍCULA
Adrielle de Sousa Bezerra
115130595
Monalisa de Castro Santos
115130830
Rafaele Lima do Nascimento
115130280
Suzanne Lopes Pereira da Silva
115230425
Yasmim Maria Dias dos Santos Inocêncio
115130901


                                           Campina Grande, 29 de julho de 2016.    
  


  
Profa Niédja Maria Ferreira de Lima

Tutora do PET-Pedagogia


sexta-feira, 22 de julho de 2016



Edital de Seleção PET-Pedagogia

       Universidade Federal de Campina Grande
Centro de Humanidades
Unidade Acadêmica de Educação
Curso de Pedagogia
                                                                           Programa de Educação Tutorial – PET
Seleção de Bolsistas e Voluntários – 2016
EDITAL N° 02/2016

A Coordenação do Curso de Pedagogia e a Tutoria do Grupo PET/Pedagogia divulgam, pelo presente edital, as inscrições para a seleção de bolsistas para o Programa de Educação Tutorial (PET) do curso de Pedagogia da Universidade Federal de Campina Grande, Campus I, para o preenchimento de duas vagas para bolsistas e duas para voluntários, a partir de 25 de julho do ano de 2016, em conformidade com as disposições a seguir apresentadas.

1 – Período, local e horário de inscrição
 Os candidatos poderão inscrever-se no período de 25 a 29 de julho do corrente ano, na Secretaria da Unidade Acadêmica de Educação, nos turnos matutino, vespertino e noturno – das 8h às 11h30min, das 14h às 17h e das 18h30min às 21h, respectivamente.

2 – Requisitos e documentação exigidos para inscrição
2.1 Poderão inscrever-se alunos do Curso de Pedagogia do Centro de Humanidades da UFCG que atendam aos seguintes requisitos:
a)    estarem regularmente matriculados, no semestre letivo 2016.1, do ao 6º períodos do Curso de Pedagogia.
Alunos matriculados em períodos mais adiantados que os especificados poderão inscrever-se, mediante declaração da coordenação do Curso, no caso de permanência no curso igual ou superior a um ano.
b)   possuírem coeficiente de rendimento acadêmico (CRA) igual ou superior a 7,0.
2.2 Para efetivar a inscrição, o candidato deverá entregar a seguinte documentação:
a) ficha de inscrição devidamente preenchida;
b) cópia do histórico escolar;
c) cópia do RDM relativo ao semestre 2016.1;
d) declaração de que não acumulará bolsas nem manterá vínculo empregatício ou qualquer atividade ocupacional, durante sua permanência no grupo PET;
e) exposição dos motivos pelos quais deseja participar do PET-Pedagogia e suas possíveis contribuições ao grupo. 

3 – Processo de seleção

3.1. Etapas - a seleção dos candidatos constará de três etapas, ambas, de caráter classificatório:

a)        a primeira compreenderá uma prova escrita e análise da exposição de motivos;  

b)   a segunda etapa, constará de expressão oral e debate sobre a temática abordada nos textos sugeridos;

c)       a terceira etapa, constará de uma entrevista e da análise do histórico escolar.


3.2. Critérios e Conteúdos:
·          exposição de motivos – coesão e clareza textuais, precisão conceitual e adequação do conteúdo ao proposto no item 2.2;
·           prova escrita – coesão e clareza textuais, precisão conceitual, capacidade critico- argumentativa, com base nos  textos sugeridos;
·        expressão oral e  debate – desenvoltura, fluência, iniciativa de interação com o grupo; compreensão, estabelecimento de relação com os textos sugeridos e posicionamento crítico acerca da temática abordada em um vídeo, projetado na ocasião;
·           entrevista - perfil do candidato, regulamentação do Programa (PET – Manual de Orientações Básicas) e atividades do Grupo PET/Pedagogia.

3.3. Calendário

Atividade
Data e hora
Local
Publicação das inscrições homologadas
29/07/2016, a partir das 14h
UAED
Prova escrita
01/08/2016, às 14h
Expressão Oral e Debate
03/08/2016 às 14h
Entrevistas
05/08/2016, às 14h.
Publicação do resultado final
08/08/2016, a partir das 14h.
UAEd e Blog do PET

Obs.:
As matrizes dos textos sugeridos se encontram na Xerox de Júnior Branco, na pasta do PET – Pedagogia.
Além dos textos sugeridos, recomendamos a pesquisa nos sites: http://www.escolasempartido.org/, http://deolhonolivrodidatico.blogspot.com.br/ para complementar e enriquecer o estudo da temática.
O manual de orientações básicas está disponível no blog do PET-Pedagogia.

Campina Grande, 22 de julho de 2016.








Profa Niédja Maria Ferreira de Lima

Tutora do PET-Pedagogia


  
Profa Kátia Patrício Benevides Campos
Coordenadora do Curso